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quinta-feira, 28 de abril de 2016

RELEASE SEMINÁRIO " A RUA PERGUNTA: DEBATES ENTRE USURÁRIOS E GESTORES DE POLITICAS SOCIAIS".

"Jovens , mas já considerados adultos, muitos estavam na praça desde meninos , acolhidos pela rua depois de sofrer maus tratos em casa, de conhecer o abandono e as perdas da escola , da família. A Rua Pergunta mesmo no banco da praça ,para comemorar a vida , porquê a morte ronda o tempo todo, como uma companheira ameaçadora."
Reinaldo Santos

 Apresento  vocês a  Porto Alegre, "Mui Leal e Valerosa"  cidade partida dos moradores de rua:numa, pobre não entra.Na outra, é proibido burguês.Metrópole  dos filhos e mães  do crack, que povoam a Estação Rodoviária vivendo no fio da navalha entre o vicio e a fome ,sob a sombra constante   da morte.Do  menino maltrapilho  que suplica esmola diariamente  no sinal ante o olhar frio e impassível do capitão da indústria esperando o sinal verde para partir em busca do vil metal.    No Aurélio, qual o sentido de perguntar? Questionar, indagar, inquirir, interrogar , indagar e arguir, mas também interpelar, buscar, investigar, perscrutar, procurar a resposta.Diariamente,  milhares de  cidadãos  transitam invisíveis  pelas ruas  da cidade sem merecer  um olhar , uma palavra , um gesto que confirme  sua existência ,uma vez que só existimos através do reconhecimento do outro. Histórias de FOME ( "Eu comia sabonete e  tijolo picadinho na minha gravidez, pois passava fome e fazia de conta que era um bombom, um chocolate"), DOR, VIOLÊNCIA E NEGLIGÊNCIA POLICIAL ( "Fui calçada com uma faca, agredida covardemente e estuprada na Praça XV. Quando cheguei  na delegacia, as policiais riram de minha cara, me humilharam e   não registraram queixa alegando que eu era negra e puta")   emolduram esta Porto Alegre que os poderes públicos dizem desconhecer. Se a rua é a casa dos que não tem casa , A Rua Pergunta, o título , nasceu do registro de falas   de usuários de Programas e Serviços da FASC anotados em minha agenda nos atendimentos realizados aos domingos na Associação Projeto Filho   e capta algumas de suas dores: a desinformação sobre o acesso ás politicas que em tese deveriam beneficiá-los ante a falta de uma identidade de grupo ,ações municipais construídas sem sua participação e protagonismo, ausência de serviços e incentivo para os que querem buscar um trabalho,  abandonar as drogas e aderir ao tratamento da AIDS ,Hepatite e Tuberculose, reduzida  oferta  de vagas na rede  pública de acolhimento , desejo de que os filhos rompam a barreira da miséria geracional através da inclusão com educação e o medo constante dos grupos de extermínio, da Senhora Morte travestida em fardas, armas ,capacetes  e brasões  que sufocam o grito por socorro , na calada da noite anunciando as próximas vitimas.Dores    não abrigáveis em albergues ou Centros POP que repercutem na amplidão de marquises, pontes, logradouros  e viadutos .  A Rua Pergunta é o primeiro passo para a construção de uma ponte entre estas duas cidades( uma de turismo e negócios,  que existe de fato e a outra oculta,  que querem invisibilizar) pois a cidade é de todos e é de ninguém.Dentro de cada vila,  região ou bairro  existem sujeitos , com realidades ,planos e pensamentos subjetivos.E nenhum pode ser invisível.  A ação consiste em  uma série de  colóquios realizados entre poderes públicos e entidades que militam em defesa das pessoas em situação de rua com a participação destas que pretende retroalimentar a participação destas pessoas na construção de politicas públicas apontadas no Decreto 7.053 , de 23/12/2009 (que institui a Politica Nacional Para a População em Situação de Rua e seu Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento )dirimindo o estigma da desinformação ou informações não repassadas que  dão uma rasteira no empoderamento dos Movimentos Sociais e um soco no estomago desta senhora que atende pelo nome de  CIDADANIA   tão comentada ,mas absolutamente desconhecida dos que tentam sobreviver da e nas ruas da cidade.Os encontros com gestores serão pautados por momentos de capacitação para formação de multiplicadores ,encaminhamentos e respectivos agendamentos em  secretarias e   órgãos públicos municipais e estaduais .Como numa ágora ateniense, todo o resultado das discussões será compartilhado numa praça localizada no Centro da cidade, sob a supervisão das entidades parceiras do Projeto e outras que se agregarão.
O OBJETIVO  da ação é discutir politicas públicas numa linguajem coloquial , acessível, compartilhando experiências e projetos dos Movimentos Sociais ,Sociedade Civil Organizada, Universidades,  Organizações Religiosas e Orçamento Participativo de Porto Alegre  buscando sobretudo ações mais transparentes, coerentes e eficazes dos gestores responsáveis pela efetivação das politicas públicas elencadas no Decreto Lei 7.053 referentes ao acolhimento das pessoas em situação de rua .A Rua Pergunta apresenta-se, portanto, como uma rede mista que se configura como a articulação entre a  comunidade , as entidades e projetos que atuam na localidade e o poder público com o objetivo de transformar a realidade social vivida por esta população através do trabalho desinteressado, apolítico  e voluntário. Distribuiremos CRONOGRAMA DE AÇÕES durante o seminário   Vem se perder com a gente militando nesta RUA , como se ela fosse nossa?
Reinaldo Santos.

SERVIÇO:

*O QUÊ: Seminário "A Rua Pergunta: Debates entre gestores e usuários sobre politicas sociais".

*QUANDO: Dia 30 de abril ( sábado).

* ONDE: Rua Professor Oscar Pereira, 1963.

* HORÀRIO: Das 8 ás 17 horas.

* CONTATOS DOS ORGANIZADORES:

* Karolini Villarinho ( OAB/RS) : (51)9226-6133.

* Juliana Campani ( Projeto Sopão) : (51)9101-6732.

* Reinaldo Santos ( Fórum Fome Zero-Núcleo População de Rua ): (51)8925-4725.

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